O
Que é Incontinência Urinária?
A sociedade Internacional de
Continência (ICS) define incontinência urinária como qualquer perda
involuntária de urina. Ela é caracterizada pela perda do controle vesical,
acompanhada por sintomas e sinais relacionados ao armazenamento, micção ou
pós-micção.
Tipos
de Incontinência Urinária
A
incontinência urinária pode ser classificada como:
- Incontinência urinária de esforço – perda involuntária de urina no esforço ou durante atividade física, ou ao tossir ou espirrar;
- Incontinência urinária de urgência – perda involuntária de urina associada à urgência;
- Incontinência urinária mista – perda involuntária de urina, associada à urgência e também com exercícios, esforços, tosse, etc.;
- Enurese noturna: perda involuntária de urina durante o sono;
- Incontinência urinária contínua – perda involuntária de urina contínua;
- Incontinência urinária postural – perda voluntária de urina associada à alteração da posição do corpo;
- Incontinência coital – perda involuntária de urina durante o ato sexual.
Causas de Incontinência Urinária
Nas mulheres, os sintomas
relacionados à incontinência urinária se originam de alterações teciduais dos
elementos de suporte uretral, dos ligamentos e músculos do assoalho pélvico,
pois as alterações de tensão dos músculos e ligamentos sobre as fáscias
justapostas à parede vaginal determinam o fechamento ou a abertura do colo
vesical e da uretra.
A tensão sobre a vagina ativa
prematuramente o reflexo miccional, desencadeando contrações involuntárias do
músculo detrusor da bexiga, resultando em sintomas de urgência miccional e
incontinência urinária.
Em homens, a presença de
incontinência urinária está associada à prostatectomia radical, onde o terço
proximal do esfíncter uretral interno é removido juntamente com a glândula
prostática, interrompendo o funcionamento normal do mecanismo de micção.
A continência resulta de uma
perfeita função e coordenação do trato urinário inferior e da integridade do
sistema nervoso responsável pela sua atividade.
A percepção do enchimento da
bexiga e o início da micção requerem a sincronização do sistema nervoso, do
músculo da bexiga, esfíncteres e pavimento pélvico. Qualquer alteração de um ou
mais desses sistemas pode levar a uma incontinência urinária.
O
Que é Incontinência Fecal e Anal
A incontinência fecal é a
perda involuntária de fezes, em qualquer momento da vida após a aprendizagem do
uso do banheiro, sendo também caracterizada como a incapacidade para manter o
controle fisiológico do conteúdo intestinal em local e tempo socialmente
adequados.
A incontinência fecal é a
perda involuntária de fezes sólidas e líquidas, enquanto que a incontinência
anal é a perda involuntária de fezes e/ou flatos.
Tipos
de Incontinência Fecal
A incontinência fecal pode se
classificada em incontinência sensorial ou motora. Na incontinência sensorial a
perda fecal ocorre sem a percepção do indivíduo, enquanto que na incontinência
motora, o indivíduo percebe o desejo de evacuar, mas não consegue impedir a
perda.
A
incontinência fecal pode ainda ser classificada em vários tipos:
·
Incontinência
fecal passiva – perda contínua de fezes sem a sensação ou
vontade de evacuar;
·
Incontinência
coital – ocorre durante a relação sexual vaginal;
·
Incontinência
flatal – perda involuntária de flatos;
·
Incontinência
fecal de urgência – desejo forte de defecar com dificuldade de
adiamento;
·
Incontinência
flatal de urgência – perda involuntária de flatos associada à
urgência.
Causas
de Incontinência Fecal
A continência anal depende do
funcionamento normal do intestino, especialmente do reto e ânus e dos músculos
do assoalho pélvico (esfíncteres anais interno e externo e o músculo levantador
do ânus).
A continência pode sofrer com
a influência das oscilações emocionais, decorrente da ação dos sistemas límbico
e nervoso autônomo sobre os mecanismos de controle da defecação e das variações
dos hormônios sexuais, que influenciam o trofismo e a vascularização dos
músculos estriados.
A continência depende do
controle neurológico, hormonal e emocional, assim como do volume e consistência
das fezes, do tempo, do trânsito colônico, da sensação anorretal e da
complacência retal.
Uma série de diferentes
condições tem o poder de afetar os mecanismos supracitados:
- Mudança da consistência das fezes, causada pelo abuso de medicamentos laxantes, por exemplo, ou doenças inflamatórias do intestino;
- Redução da complacência retal (retirada cirúrgica, neoplasias e doenças do colágeno);
- Alterações na sensibilidade anal;
- Comprometimento do controle neurológico central (acidente vascular encefálico e demências);
- Anormalidades do mecanismo esfincteriano (lesões obstétricas, desordens neurológicas desmielinizantes e doenças inflamatórias.
Como
Evitar a Incontinência
A melhor maneira de evitar a
incontinência urinária e fecal é evitar as condições que a causem, que foram
supracitadas no texto acima.
Na mulher, no período do
climatério, é necessário estimular desde o início a realização de exercícios
para o assoalho pélvico, com a intenção de prevenir uma possível incontinência.
Para a incontinência fecal, é
importante evitar o uso excessivo de laxantes, pois pode ser uma das causas da
deficiência do controle vesical.
Nas pessoas consideradas com
muitos fatores de risco para as incontinências, o fortalecimento dos músculos
do assoalho pélvico associado a uma terapia comportamental pode ajudar a evitar
ou a piorar o quadro de incontinência urinária e fecal.
Tratamento
Primeiramente é necessária uma
avaliação completa para melhor entendimento da doença no paciente e para traçar
um objetivo completo.
A avaliação consiste na
história clínica para estabelecer o tipo de incontinência, duração e
intensidade e um exame físico abdominal (volume vesical ou massas abdominais e
pélvicas), perineal (digital da vagina ou reto) e a contração dos músculos do
assoalho pélvico.
O uso de diários miccionais
para avaliar o armazenamento e esvaziamento da bexiga é muito importante.
O tratamento consiste
inicialmente em técnicas comportamentais, que envolvem educação em saúde sobre
incontinência, promovendo em conjunto estratégias para reduzir o problema.
Junto com essas técnicas, a fisioterapia é utilizada como parte do tratamento
conversador.
A cinesioterapia e o
fortalecimento da musculatura perineal consistem em movimentos voluntários
repetitivos, aumentando a força muscular e resistência à fadiga, melhorando a
mobilidade, a flexibilidade e a coordenação muscular.
A eletroterapia associada ao
biofeedback são efetivos e seguros nos tratamentos da incontinência urinária e
fecal. Esse procedimento é utilizado com resultados positivos para a
recuperação em pacientes com incontinência fecal.
Incontinência
Urinária
O primeiro passo para o tratamento
da incontinência urinária é perceber as preferências do paciente em relação ao
que espera de seu tratamento. Alguns podem ficar satisfeitos com a utilização
de produtos absorventes, outros podem querer alcançar a continência completa.
É importante que uma equipe
disciplinar possa trabalhar em conjunto para a conquista de um bom resultado de
reabilitação.
Geralmente os tratamentos
disponíveis resultam em um alívio satisfatório ou até cura da incontinência
urinária, porém a abordagem nos idosos deve ser diferente da usada nos
pacientes jovens.
O tratamento conservador deve
englobar intervenções médicas simples, ajustes de medicação, tratamento da
obstipação, dispositivos anti incontinência, mudanças no estilo de vida e
algumas terapêuticas.
O tratamento farmacológico
está indicado nas incontinências de esforço de intensidade leve, em particular
quando os sintomas se iniciaram com o hipoestrogenismo do climatério e não há
distopia genital significante, e também em casos de instabilidade do detrusor.
O objetivo do tratamento medicamentoso é diminuir a atividade do detrusor e
aumentar o tônus do sistema esfincteriano uretral, ou o tônus e o trofismo dos
elementos do assoalho pélvico.
Cinesioterapia
A cinesioterapia do assoalho
pélvico se baseia no princípio de que contrações voluntárias repetitivas
aumentam a força muscular e consequentemente, aumentam também a continência
pela ativação da atividade do esfíncter uretral e pela promoção de um melhor
suporte do colo vesical, estimulando contrações reflexas desses músculos
durante as atividades diárias que geram estresse.
Inicialmente as sessões devem
ser individuais, visando maior compreensão dos exercícios e uma melhor
interação entre o fisioterapeuta e o paciente. Só após essa fase é que os pacientes
podem ser agrupados.
Os exercícios são melhores
realizados na posição prona ou supina, onde não há gravidade dificultando a
contração perineal. Essa terapêutica permite uma gama de exercícios específicos
para suprir as necessidades de cada paciente.
Não existe um consenso no
programa de exercícios para incontinência urinária de esforço, havendo muitas
divergências na literatura em relação ao tempo de tratamento, aos tipos de
exercícios, ao tempo e a intensidade da contração realizada.
A cinesioterapia voltada para
a reabilitação funcional do assoalho pélvico visa uma contração reflexa em
situações em que é necessário evitar as perdas urinárias. Para isso é
necessário que o paciente tenha compreensão total acerca do que se espera dele,
ou seja, a conscientização da região e da contração perineal deve estar
completa e o paciente precisa ter força muscular de grau 2, no mínimo.
Quando o paciente apresenta
força menor que 2 deve se inicialmente manter um treinamento na posição supina
até que haja um ganho significativo de força, pois colocar esses músculos em
situação de estresse pode agravar o quadro de incontinência urinária.
Cones vaginais
Um cone vaginal é um
dispositivo que se pode inserir na vagina para fornecer resistência e feedback
sensorial aos músculos do assoalho pélvico à medida que eles se contraem. São
muito úteis pois podem eliminar a Valsalva durante o treinamento. Essa terapia
pode ainda distinguir os músculos perineais dos grandes grupos musculares
sinérgicos, aumentando a propriocepção da região do períneo.
Comercialmente se encontra um
conjunto com cinco cones, de forma e tamanho iguais, mas com variação de peso
que vai de 25g até 75g.
Ao se inserir o cone na
vagina, ele tende a sair causando a sensação de perda do cone, que vai promover
um feedback sensorial, fazendo com que os músculos do assoalho pélvico que
circundam o cone se contraiam em resposta.
Contraindicações do tratamento
com cones vaginais
– Presença de infecções no
trato urogenital
– Paciente com distúrbio
psiquiátrico ou falta de compreensão
– Durante o período menstrual
– Durante ou imediatamente
após as relações sexuais
– Uso concomitante a
pessários, tampões ou diafragmas
– Gravidez
– Retenção/obstrução urinária
Eletroestimulação
A eletroestimulação vem sendo
relatada como sendo muito eficiente no tratamento da incontinência urinária de
esforço e de urgência, sendo uma ótima terapia para a incontinência urinária
mista.
Porém, a eletroestimulação não
deve ser a primeira linha de tratamento para a incontinência urinária de
esforço. Se a paciente tiver capacidade de contrair a musculatura do assoalho
pélvico suficientemente, a contração voluntária será mais efetiva que a
eletroestimulação.
A eletroestimulação trabalha
com a contração da musculatura do assoalho pélvico a partir da estimulação das
fibras musculares e também do nervo pudendo. Quando estimulado diretamente, o
nervo pudendo produz uma contração do esfíncter externo da uretra e uma
contração da musculatura do assoalho pélvico.
É um recurso da fisioterapia
que pode ser usado tanto no regime ambulatorial ou em domicílio. Os tipos de
eletrodos utilizados podem ser de dois tipos: externos e internos (implantados
através de cirurgia). Existem ainda dois métodos de estimulação: crônica e
aguda.
A estimulação crônica é
realizada através de estímulos de baixa frequência administrados durante um
período prolongado. Esse período consiste em várias horas por dia (6 a 20
horas) ou de vários meses ou anos.
A estimulação de curto período
se caracteriza por estímulos de intensidade sub-máxima, que depende do nível de
tolerância à dor do paciente. É feita com eletrodos externos com uma frequência
de aplicação que pode variar desde duas vezes por dia até uma vez por semana,
por um período de 6 semanas até 5 meses. A duração do estímulo varia de 15 a 30
minutos.
A eletroestimulação é
contraindicada nos seguintes casos:
– Gravidez confirmada ou
suspeita
– Lesões ou infecções
urinárias ou vaginais
– Cistocele, retrocele e
prolapso uterino acentuado
– Alteração neurológica
– Diminuição da função
cognitiva
– Queixa de retenção urinária
– Câncer de colo de útero,
reto ou geniturinário
– Período menstrual
(contraindicação relativa, pois pode ser realizada, mas aumenta a sensibilidade
da paciente ao estímulo, podendo causar dor)
– Marca-passo cardíaco ou
implantes metálicos na região do quadril e membros inferiores.
Biofeedback
Esse procedimento consiste em
um retrocontrole biológico, permitindo a conscientização objetiva de uma função
fisiológica inconsciente. A conscientização muscular é obtida por meio da
utilização de um sinal visual e/ou auditivo.
Existem duas maneiras de se
utilizar o biofeedback: por meio de exame eletromiográfico e do manométrico.
O biofeedback manométrico
utiliza a pressão através de uma sonda endovaginal ou anorretal. Essa sonda
deverá ser inflada no espaço vaginal ou retal, para que exerça uma pressão
ligeiramente superior à pressão atmosférica. A pressão interna aplicada provoca
uma ação no interior da sonda, e a elasticidade do material combinada ao tônus
estático dos tecidos vai provocar uma reação que tende a se equilibrar.
O biofeedback manométrico ou
de pressão apresenta vários benefícios:
– É de baixo custo e apresenta
fácil utilização e sensibilidade mesmo em períneos fracos
– Fornece uma representação
gráfica estável tanto nas contrações fásicas quanto nas tônicas
– Permite que se trabalhe em
níveis de variáveis de alongamento em função do volume insuflado no balonete.
– O registro não é modificado
pela variação de impedância da mucosa e pela impregnação hormonal
– É uma ferramenta de
avaliação que fornece valores confiáveis que podem ser reproduzidos ao longo do
tempo e de um paciente para outro.
O biofeedback por
eletromiografia utiliza sondas que podem ser utilizadas alternadamente com a
eletroterapia com objetivo proprioceptivo, e o registro da eletromiografia não
é influenciado por variações de pressão ou de temperatura.
A interpretação das curvas
realizadas no aparelho de biofeedback podem evidenciar se as unidades motoras
estão sendo recrutadas. Porém, o aparelho não permite o trabalho de alongamento
de unidades motoras, e as variações de impregnação hormonal provocam uma variação
de impedância que impossibilita a reprodução das medições, e nos casos de uma
abertura vaginal importante, o registo das informações pode ser prejudicado.
De qualquer forma, ainda é um
dos recursos mais utilizados no tratamento das patologias do assoalho pélvico,
pois é um recurso que não apresenta efeito colateral e que proporciona
aprendizado e melhora da qualidade da musculatura pélvica.
Terapia Comportamental
A terapia comportamental é o
tratamento de primeira escolha para diminuir ou eliminar qualquer tipo de
incontinência urinária, por ser uma terapia de baixo custo, seguro e eficaz na
maioria dos casos. Essa terapia consiste em uma associação de técnicas que tem
como base a ideia de que pacientes com incontinência urinária podem ser
educados sobre a patologia, podendo desenvolver estratégias para minimizar ou
até mesmo eliminar a incontinência urinária.
A terapia comportamental é,
atualmente, o ponto-chave do tratamento de incontinência urinária, pois auxilia
o paciente a entender o funcionamento vesical, os mecanismos de perda urinária
e o assoalho pélvico. Junto estão incluídas as mudanças no estilo de vida, como
hábitos alimentares saudáveis, a realização de exercícios, a redução de
alimentos considerados irritantes vesicais (como cafeína, adoçantes
artificiais, frutas ácidas, tomates, chocolates, laticínios e álcool) e
cuidados básicos com higiene.
É importante também orientar o
paciente sobre a importância de diminuir ou parar com o uso de cigarros,
realizar exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico, monitorizar a
ingestão hídrica através do diário miccional, adequar seus hábitos intestinais
e controlar o peso do corpo.
Incontinência
Fecal
Inicialmente é realizada uma
avaliação clínica, onde é necessário verificar os sinais e sintomas e realizar
um exame físicos. Os exames complementares incluem a manometria anorretal, a
retosigmoidoscopia, a defecografia, a eletromiografia anorretal, a
ultrassonografia endoanal e a latência motora terminal do nervo pudendo.
O exame físico proctológico é
constituído por uma inspeção estática, dinâmica, por toque, anuscopia e
retossigmoidoscopia, que tem como objetivo identificar anormalidades
estruturais nos mecanismos de controle de defecação. Já na avaliação
fisioterápica também é incluída a avaliação da capacidade de locomoção e
posicionamento para defecar e também das condições da musculatura pélvica
estriada.
Na maioria dos doentes com
poucos sintomas, as recomendações dietéticas com proposta de aumento da dose de
fibras, bem como a abstenção de alimentos associados a diarreia e a medicação
antidiarreica, particularmente com a loperamida, são suficientes para melhorar
os sintomas e a qualidade de vida dos pacientes.
Além da medicação e dieta, a
fisioterapia também é muito utilizada na incontinência fecal, principalmente no
idoso. Tratamentos efetuados por fisioterapeutas especializados têm um grande
benefício.
A intervenção fisioterápica
consiste em treinos para aumentar a capacidade contrátil e o controle
voluntário do esfíncter anal externo e o elevador do ânus, que respondem à
distensão retal.
O treino dos músculos do
pavimento pélvico aumenta a força e resistência, estimula o seu suprimento
nervoso, aumenta o fluxo sanguíneo para o reto, região anal e pavimento
pélvico, bem como melhora da “consciência” anatômica para diminuir os episódios
de incontinência.
Os objetivos da fisioterapia
no tratamento de insuficiência fecal incluem:
– Melhorar a propriocepção
vesical, retal e perineal
– Tonificar os músculos do
assoalho pélvico
– Melhorar o reflexo de
fechamento perineal ao esforço
– Melhorar o ciclo de
continência – evacuação
– Melhorar a qualidade de vida
Biofeedback
Tratamento simples e seguro,
com efeitos colaterais mínimos. É o tratamento de primeira linha quando o
medicamentoso falha. Ao contrário dos exercícios que fortalecem o pavimento
pélvico, o biofeedback melhora a percepção da sensação retal e resposta do
esfíncter à distensão, melhorando a contração do esfíncter em resposta à
distensão retal, sem causar alterações consistentes na pressão do esfíncter,
distensão do reto ou duração da contração.
Neuromodulação
– Estimulação do nervo sagrado
Esta técnica é minimamente
invasiva e com indicações muito amplas, que a torna muitas vezes a primeira
linha de tratamento em algumas formas de incontinência fecal e urinária.
Não se sabe exatamente o
mecanismo de funcionamento, porém a estimulação do nervo sagrado espinhal entre
S2 e S4 modula a atividade cólica por um mecanismo de neuromodulação local.
A função do mecanismo de
continência é realizada através da estimulação elétrica de nervos periféricos
em três fases:
A primeira identifica o nervo
sagrado que melhor se correlaciona com a contração do esfíncter;
A segunda consiste em um
ensaio de 2 semanas para verificar o potencial terapêutico;
Na terceira é feita a
implantação de um eletrodo permanente, junto do buraco sagrado selecionado,
ligado através de uma extensão percutânea a um pacemaker permanente.
A estimulação sagrada requer
uma manutenção contínua, com um custo relativamente elevado. Os doentes
precisam frequentemente reprogramar os parâmetros de estimulação para otimizar
a eficácia, e como a bateria não é recarregável, quando acaba é necessária a
reimplantação de um novo estimulador.
Estimulação
percutânea do nervo tibial
Esta técnica fornece uma
corrente elétrica de baixa frequência ao nervo tibial posterior, através de um
eletrodo em forma de agulha que é inserida na região do tornozelo, ligada a um
estimulador manual. Quando esse eletrodo é estimulado, as fibras aferentes
transmitem os impulsos elétricos ao plexo nervoso sagrado, resultando em uma
via de neuromodulação do reto e esfíncteres anais.
Terapia
comportamental
A modificação dos hábitos
intestinais irregulares é essencial para o tratamento da incontinência. O
objetivo dessa terapia é estabelecer um trânsito intestinal previsível, com
frequência e consistência de fezes mais fáceis de controlar. O doente deve ser
encorajado a excluir alimentos associados ao problema, a aproveitar o reflexo
gastrólico defecando após as refeições, a assegurar privacidade e a
disponibilizar tempo para ir ao banheiro.
Uma dieta equilibrada de
fibras e fluidos é essencial. A documentação da nutrição e a utilização de um
diário com os hábitos intestinais pode ajudar a disciplinar os doentes e
revelar quais são os fatores desencadeantes da incontinência, como uma possível
intolerância à lactose ou frutose.
O exercício físico,
principalmente após as refeições ou ao acordar pode aumentar a atividade cólica
e o trânsito intestinal, por isso a atividade deve ser moderada em pacientes
com incontinência fecal.
Conclusão
A incontinência urinária e
fecal pode gerar um impacto muito negativo no relacionamento social e sexual,
provando alterações psicológicas e emocionais que interferem drasticamente na
qualidade de vida.
No caso da incontinência
urinária, a necessidade do uso recorrente de recursos de contenção (como
absorventes), torna a condição onerosa para a pessoa que possui o distúrbio. Já
na incontinência fecal, além de um prejuízo social, financeiro e emocional, a
perda frequente de fezes pode provocar lesões de pele, infecções urinárias e
até alterações nutricionais.
Para tratar dessas disfunções
é necessária uma equipe multidisciplinar, pois o tratamento pode requerer um ou
mais tipos diferentes de terapia.
A fisioterapia é um recurso
muito eficaz sendo considerado essencial e imprescindível, já que esse tipo de
tratamento traz uma melhora real da incontinência, muitas vezes até inibindo a
necessidade de intervenção cirúrgica e oferecendo resolução completa do
problema.
REFERÊNCIAS
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