Nos últimos dois anos, capitaneado pelo professor Roberto
Lourenço, um grupo de cerca de 30 pesquisadores dedicou-se a rever todos os
estudos produzidos no país sobre o tema, com o objetivo de criar o Consenso
Brasileiro de Fragilidade em Idosos. E por que isso é tão importante? Foi a
médica americana Linda Fried que estabeleceu o “fenótipo da fragilidade”,
criando medidas – os chamados marcadores – para diagnosticar o declínio
progressivo do paciente, mas ainda faltam parâmetros nacionais. “Nossos dados são
diferentes dos dos anglo-saxões e temos que levar isso em conta. Precisamos de
pontos de corte adaptados à nossa realidade”, afirma o doutor Virgilio. No
Brasil, sete mil idosos já foram estudados desde 2009, o que representa um
universo muito consistente para qualquer pesquisa.
O primeiro artigo do Consenso Brasileiro de Fragilidade deve
ser publicado até o começo do ano que vem na “Geriatrics, Gerontology and
Aging”, a revista da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, mas há
amplo material para ser compartilhado com os profissionais de saúde. Os
pesquisadores identificaram dois conceitos distintos, mas que se complementam.
O primeiro é o da fragilidade propriamente dita, que está ligada aos aspectos
biológicos. O segundo conceito é o da vulnerabilidade, que engloba outros
fatores: social, psicológico, afetivo e até espiritual. Trocando em miúdos: um
idoso pode estar em situação vulnerável embora não esteja frágil fisicamente. O
grupo também elegeu dois marcadores para identificar a fragilidade: a
velocidade da marcha, ou seja a rapidez com que o indivíduo caminha; e a força
da preensão palmar, nome complicado para definir o vigor com que pegamos algum
objeto. Linda Fried havia criado cinco parâmetros (além desses dois adotados,
perda de peso não intencional, baixo nível de atividade física e queixas de
exaustão), mas, de acordo com o doutor Virgilio, os marcadores destacados pelo
Consenso Brasileiro de Fragilidade são os mais claramente ligados à mortalidade
e que poderão trazer maiores benefícios à população: “quanto antes detectarmos
o quadro, melhor se pode intervir, com uma resposta satisfatória antes de
desfechos indesejáveis”, finaliza.
FONTE: Bem Estar